“Estamos preparados para trabalhar unidos e fazer o melhor pelo Alentejo e Extremadura. Agora somos um povo mais fortalecido do que nunca.” A frase foi proferida ao “Diário do Sul” pelo presidente do Governo da Extremadura, José Antonio Monago, em jeito de balanço sobre as comemorações do 10 de Junho, que decorreram em Elvas, tendo contado, pela primeira vez, com a presença de altos representantes do país vizinho. Entre eles, esteve o próprio autarca
de Badajoz, Francisco Javier Fragoso, mas não faltaram ainda celebrações também do lado de lá de raia.
Os representantes extremenhos foram unânimes em concordar que o Dia de Portugal traduz uma data histórica nas relações transfronteiriças, havendo um “antes” e um “depois” do 10 de Junho de 2013. Isto é, há hoje um definitivo “estreitar” de laços, sobretudo entre o Alentejo e a Extremadura,
tendo José Antonio Monago sublinhado que “este caminho é irreversível. Hoje estivemos em Elvas com muita alegria, porque temos tanto em comum e são tantos os laços que nos unem. É tempo de todos perceberem isso”, referiu.
Monago encabeçou a delegação extremenha que se deslocou a Elvas, tendo assistido, a partir da tribuna presidencial, à sessão solene do 10 de Junho e à cerimónia militar, ao lado de Aníbal Cavaco Silva e de Pedro Passos Coelho. Na comitiva espanhola esteve também o delegado do Governo da
Extremadura, Germán López Iglesia, e o director geral de Investimento e Acção Exterior, Enrique Barrasa, entre outros representantes.
“O facto de estarmos hoje aqui e a forma como fomos recebidos é um gesto que adjectivamos de grande importância para o nosso futuro conjunto” insistiu Monago, recordando que, afinal, a Extremadura até tem em Portugal o seu maior “sócio comercial”, tratando-se do destino de exportações mais importante e a principal origem de importações.
Depois do Dia de Portugal e de Camões, o presidente do Governo da Extremadura considerou que, “o lógico é que a sua região continue a celebrar o 10 de Junho”, não percebendo, disse, “como é que não se celebrou a antes”, admitindo ainda que a Extremadura “reconhece, há muito tempo, os esforços
realizados por portugueses nas relações com a Extremadura”, acrescentando não ter dúvidas de que a população espanhola “saberá interiorizar esta celebração e fará dela a sua celebração.”
Há um futuro por conquistar
O alcaide de Badajoz, Francisco Javier Fragoso, admitiu não perceber como é que a Extremadura não celebrou mais cedo o Dia de Portugal. “Quando um irmão faz anos toda a família vai à festa”, exemplificou, alertando que “não chega falar sobre relações transfronteiriças, temos que as promover e isso faz-se todos os dias. Aliás, espero que no próximo ano os portugueses participem no Dia da Extremadura. Estamos à vossa espera”, sublinhou o autarca.
As questões que dividiram os dois países no passado “estão mais que ultrapassadas”, garantiu, registando que a história “serviu para aprendermos. Agora há um futuro para conquistar esse caminho, devemos fazê-lo juntos.”
Actividades do lado de lá
Foi um fim-de-semana com marca portuguesa em Badajoz, onde os pacenses celebraram o 10 de Junho. Aquele que é considerado o “pai” do Hip-Hop português , o rapper Boss AC, actuou domingo na Plaza Alta de Badajoz, enquanto a Orquestra Superior de Música de Lisboa de um concerto no Palácio de Congressos “Manuel Rojas” de Badajoz. Já segunda-feira as celebrações prosseguiram com a actuação da companhia infantil Marimbondo, com entrada livre, na Plaza de San Francisco, seguindo-se a inauguração da exposição "Sincronias". Trata-se de uma colecção de António Cachola, que está patente até ao dia 30 de Setembro no Museo Extremeño e Iberoamericano de Badajoz.
Sincronias reúne obras de artistas portugueses que desenvolveram o seu trabalho desde o final dos anos 70.